Diversidade: tolerância ou balaio de gatos?

Fazendo uma generalização bem grosseira, metade dos eleitores de Trump pode ser colocada naquilo que eu chamo de balaio de deploráveis. Correto? Racistas, sexistas, homofóbicos, xenofóbicos, islamofóbicos, e por aí vai.

Fala da candidata à presidente dos Estados Unidos, Hillary Clinton, na sexta-feira dia 9 de setembro, em um evento de arrecadação de fundos para sua campanha

Tínhamos certeza de que nós, e a nossa civilização, tínhamos saído da infância e abandonado os mitos de Deus, dos anjos e do paraíso. Tínhamos a medicina moderna, a penicilina, os aviões a jato, o Estado do bem-estar social, as Nações Unidas e a “ciência”, que explicava tudo o que precisava ser explicado. As pessoas ainda morriam, é verdade, mas normalmente na surdina e dopadas até chegarem a um estado de passividade indolor. […] As dores da morte tinham sido abolidas, assim como a maior parte das dores da vida.

Trecho do livro “A Raiva contra Deus – como o ateísmo levou-me à fé”, do jornalista britânico Peter Hitchens (1951-

Muitas pessoas jovens sentem que sua memória foi destruída. É o segredo constrangedor da minha geração. Nós dificilmente lembramos de algo. Brincamos sobre termos Alzheimer precoce, geralmente com um tom de ansiedade real. Sabemos que quando tentamos lembrar de um detalhe – um caminho, uma frase, um fato histórico – o desempenho da mente não é o esperado no momento crítico. Então nos valemos dos nossos telefones, que são muito mais confiáveis.

Trecho do artigo “Cabeças nas nuvens” da jornalista britânica Lara Prendergast

    Prezados leitores, permitam-me apresentar-lhes Peter Hitchens, irmão de Christopher Hitchens (1949-2011), que talvez vocês conheçam, pois esteve aqui no Brasil em 2006, na Feira Literária de Paraty. Christopher era um ateu militante, que em 1995 lançou um livro criticando ferozmente Madre Teresa de Calcutá, canonizada pelo Papa Francisco no dia 4 de setembro passado. Não cabe aqui explorar os detalhes das ideias de Christopher, pois meu foco é no seu irmão, que tomou um caminho totalmente oposto, como mostra o nome da obra citada acima e publicada em 2010.

    Em seu opúsculo, Peter fala da sua trajetória de adolescente rebelde que se insurgiu contra a religião como um ato de liberdade, para depois voltar a ela, depois de sua experiência como correspondente no Leste Europeu e na Rússia, onde ele viu na prática o socialismo, regime antirreligioso por excelência. Quando queimou a Bíblia que havia ganho dos pais, em 1967, Peter pensava que uma pessoa inteligente e bem-educada não poderia ter nenhuma fé religiosa, porque o progresso material, tecnológico e social que o Ocidente havia atingido fazia com que a ideia de recorrer a Deus para alívio de nossas angústias existências fosse totalmente inútil. Depois de um longo caminho, Peter, ao contrário do irmão, que até morrer de câncer manteve-se incrédulo, voltou a frequentar a igreja e ao final do seu livro lamenta que provavelmente o próximo rei da Inglaterra será coroado na primeira cerimônia não explicitamente cristã em mais de 1.000 anos.

    Meu objetivo não é defender ou atacar a decisão de Peter Hitchens. No final das contas, o sentimento religioso é algo que certas pessoas têm, e outras não têm, e portanto, escolher Deus ou o Diabo é uma questão de consciência individual. Independentemente da opção de cada um, não podemos negar que o fato de no Ocidente pós-cristão a religião não ser mais tão onipresente como era teve consequências sobre a sociedade. Substituímos a ideia de que todos somos pecadores perante Deus pelo conceito de que somos diversos e temos direitos iguais de sermos diferentes. Cada indivíduo, assim como tem o direito de escolher produtos em um supermercado, colocá-los no carrinho e passar pelo caixa, tem o direito de escolher suas próprias crenças, sua própria sexualidade, suas próprias opções políticas, mesmos que elas sejam contrárias àquelas dos pais, dos amigos, da comunidade. Esta é uma das pedras de toque do sistema ocidental, que colocou de lado o cristianismo, o fator determinante da sua cultura por pelo menos 1.500 anos.

    Assim como levou séculos para os ensinamentos de Cristo deixarem de fazer a cabeça das pessoas como fazia antes, demorará outros séculos para que ao menos no Ocidente as sociedades voltem a considerar a religião como algo determinante da vida das pessoas. Ler a Bíblia fazia parte da educação das pessoas, era na Bíblia que as pessoas procuravam respostas sobre o que era o certo e o que era o errado, sobre que virtudes cultivar, que vícios evitar e as consequências de não trilharmos o caminho da retidão. O paradigma de educação no Ocidente, pelo menos até o advento do Iluminismo, que começou a destruir o edifício da religião cristã, consistia em uma autoridade, seja o professor, o pai, a mãe, ou o padre, ler um trecho da Bíblia para os pequenos para que estes absorvessem as verdades ali reveladas e as repetissem, aprendendo também o vernáculo em que aquelas lições eram expressas.

    As crianças do século XXI ao contrário, educam-se trocando mensagens pelo celular, procurando informações na internet, de tal forma que esta transformou-se em uma extensão do cérebro, como descreve Lara Prendergast em seu artigo sobre como a tecnologia tomou conta da mente. Saber histórias da Bíblia de cor, saber quem era Jacó, quem era Jó ou quem foi Jesus Cristo não é mais necessário, se não souber, basta clicar no tablet ou no I-phone e procurar no Google ou na Wikipedia. Não é só o meio de transmissão de conhecimento que mudou, o próprio conteúdo também. Mesmo que consideremos uma criança no Brasil que tenha pais evangélicos, o que corresponde a 22% dos brasileiros, e teoricamente tenham mais familiaridade com a Bíblia, isso não significa que os filhos aprenderão de maneira mais sistemática ou perene do que os filhos de pais que não dão tanta importância à religião.

    Tanto as crianças criadas em meios religiosos quanto as criadas em meios não religiosos terão a mesma dependência da memória de curto prazo, a mesma amnésia digital daqueles habituados à busca instantânea de informações que logo serão esquecidas ou armazenadas em algum arquivo que nunca será acessado depois. Imaginar que jovens que entram em contato com o mundo dessa maneira terão foco ou concentração suficiente para ouvir uma autoridade falar sobre o que é certo ou errado é pedir muito a indivíduos que reagem rápido demais para terem a capacidade e a paciência para deter-se sobre lições de qualquer espécie, morais ou não.

    Tudo isso para dizer que se para Peter Hitchens foi possível resgatar seu passado religioso e voltar a crer que há algo maior a que nossa individualidade deve se submeter, é difícil conceber que as novas gerações, imersas inteiramente na tecnologia e no modo de transmissão do conhecimento que elas estabelecem, possam submeter-se a ideia de hierarquia que as religiões, ao menos as monoteístas, pressupõem. Se antes as relações sociais estabeleciam-se por meio do crivo da autoridade, pois havia a maneira certa de lidar com as pessoas, estabelecida pela moral religiosa, no nosso mundo pós-religioso as relações são horizontais e fluidas, ditadas pelo contato proporcionado pelos meios tecnológicos, que pode desafazer-se no próximo momento.

    Em que pese Hillary Clinton ter-se desculpado no dia seguinte ao das declarações polêmicas reproduzidas na abertura deste artigo, não há como negar que sua generalização trata de uma questão importante. Se não há nenhum ponto de contato entre os diferentes grupos da sociedade, viramos um balaio de gatos, um conjunto de grupos e grupelhos que momentâneamente podem unir-se, como estão fazendo agora em torno de Donald Trump. Quem garante que se, ele for eleito, e uma vez o inimigo comum derrotado, as facções não briguem entre si?

    Prezados leitores, em um mundo pós-religioso a diversidade veio para ficar e reinar para o bem e para o mal. Se antes ela era simplesmente um convite à tolerância a quem pensasse um pouco diferente, hoje ela impõe que a sociedade divida-se em guetos, em compartimentos que por sua própria natureza são irreconciliáveis, já que não temos mais a moral religiosa como instrumento para abstrair e controlar as diferenças. A briga feroz nos Estados Unidos entre Hillary e Donald, as escaramuças pós-impeachment no Brasil mostram os desdobramentos dessa falta de valores fundamentais que nos unam na vida e na morte. Quem viver verá.

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Estranha doença

Em 1990, as exportações de manufaturados eram 62% do total exportado brasileiro. O Brasil era um grande exportador de manufaturados. Hoje, está em 35% e vem caindo, o que é uma desgraça, porque o valor adicionado per capita da indústria é muito mais alto que o da agricultura. […] A desindustrialização que ocorre no Brasil é uma desindustrialização prematura. Os países ricos começaram a se desindustrializar em um nível de renda per capita muito mais alto que a renda per capita do Brasil hoje. […] Interessa [a sobrevalorização do câmbio] à classe média, no curto prazo: toda ela vai para Miami, vai fazer enxoval de noiva em Miami.

Trecho de entrevista dada à Revista da CAASP por Luiz Carlos Bresser-Pereira, de 82 anos, professor universitário, advogado e ex-ministro da Fazenda no governo Sarney.

Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis

Parágrafo único do artigo 52 da Constituição Federal, que trata das atribuições privativas do Senado Federal, entre elas julgar o Presidente da República por crime de responsabilidade

    Prezados leitores, dá gosto ver o Luiz Carlos Bresser-Pereira e ouvi-lo falar. De um lado, dá gosto ver porque ele ainda está mais ou menos parecido com o que ele era nos idos de 1980, quando foi o todo poderoso Ministro da Fazenda que falava pelos cotovelos. Sua voz continua a mesma, o que é uma grande conquista para um senhor de 82 anos. E principalmente sua capacidade de raciocínio é apuradíssima. Um alívio para aqueles que como eu frustram-se com a mesmice do discurso dos sábios de plantão, que repetem a ladainha da necessidade do ajuste fiscal, da recuperação da confiança dos investidores internacionais etc e tal.

    Por outro lado, dá uma tristeza muito grande ver que a qualidade dos nossos homens públicos vem caindo sobremaneira há três décadas. Tínhamos um cabedal de seres pensantes que tinham uma ideia do que era o Brasil e para onde ele poderia ou deveria ir. Quem no espaço público pensa hoje sobre que rumo o Brasil deve tomar? Estamos todos atônitos, fazendo coisas sem reflexão nenhuma, ou melhor refletindo com base em nossas malquerenças particulares. Para lhes mostrar quão confusa é a situação vou lhes fazer perguntas para as quais ainda não obtive uma resposta, brasileira que sou compartilhando a angústia existencial de todos.

    Para que foi feito o impeachment? A lambança que fizeram com o fatiamento da votação torna essa pergunta pertinente. Afinal, se o impeachment foi feito para livrarmo-nos de uma criminosa, isto é, uma pessoa que cometeu um crime próprio de responsabilidade, seria lógica aplicar-lhe a punição estabelecida taxativamente pela Constituição, conforme transcrita acima. Por que foi feito um acordo entre Michel Temer, Renan Calheiros, Kátia Abreu e Ricardo Lewandowski para poupar Dilma da perda dos direitos políticos? Por acaso Dilma só perdeu o mandato de Presidente porque não era assim tão criminosa, era meio-criminosa? E se o crime não foi seu maior pecado qual foi então? O de ser incompetente, isto é, o de levar o PIB do país a voltar aos níveis de 2010, como está ocorrendo agora em 2016?

    Será que em um regime presidencialista como o nosso, e em um país como o nosso, em que a democracia é uma espécie que já foi tão pisoteada, maltratada e espezinhada, tirar uma presidente incompetente assim, em um arremedo de voto de desconfiança do parlamento que usou a pedalada fiscal como tênue razão jurídica, é algo que passará incólume e que será bem absorvido? Dirão alguns que o impeachment de Collor ocorreu sem problemas. Mas ao que me conste, o impeachment de Collor gozava de uma unanimidade muito maior do que o de Dilma. A palavra golpe não estava tão disseminada como está agora. Será que não é melhor que aqueles que acham que o impedimento de um Presidente deve ser a regra quando seu desempenho não for satisfatório não proponham logo um debate sobre a introdução do parlamentarismo no Brasil?

    O constitucionalista Temer aceitou a gambiarra jurídica da meia-punição a Dilma, sabe-se lá por que, talvez para agradar Renan Calheiros, que quer estabelecer um precedente de punição branda se vier a ser julgado por seus pares, ou pior, agradar Eduardo Cunha, o detonador do processo de impeachment, que está na iminência de ser julgado. É mais um comportamento típico do rei dos conchavos, como ficou evidenciado na questão do aumento aos servidores do Judiciário e dos Ministros do STF. O que Michel Temer quer fazer na Presidência? Dizer uma coisa respeitável em público e fazer acordos espúrios secretamente? O mal da corrupção no governo do PT não era exatamente o toma lá dá cá da troca de favores? O que Temer tem feito até agora, além de ceder aqui e ali para conquistar o cargo cobiçado e permanecer no poder? Não é o mesmo que fazia o PT e contra o qual o Vice-Presidente heroicamente colocou-se contra na carta enviada à Presidente, na qual descreveu-se como pobre vítima que estava alijado das principais decisões de Dilma?

    Bresser-Pereira em sua entrevista fala do distúrbio bipolar de que o Brasil vem sofrendo desde pelo menos a década de 90: em um momento temos fuga de capitais, câmbio desvalorizado, inflação, noutro temos câmbio sobrevalorizado, perda de competitividade da nossa indústria. Essas pessoas que vão às ruas contra a corrupção, independentemente de quem achem que sejam mais corruptos, têm ideia da crise existencial econômica que estamos enfrentando? Será que sabem que perdemos a receita de criação de riqueza de maneira sustentável? Será que acham que simplesmente se os políticos deixarem de roubar vai sobrar dinheiro para todo mundo? Será que sabem que o buraco é mais embaixo e que o nosso modelo econômico nos leva a ter baixa taxa de investimento (17,6% do PIB, enquanto a da China é de 42,4% do PIB), baixa taxa de poupança interna (16,4% do PIB enquanto a da China é de 46% do PIB) e nenhum crescimento (queda do PIB de 5% em 2015) de acordo com a publicação CIA Factbook? Será que ser contra as práticas corruptas do PT no poder deve necessariamente levar-nos a ser contra tudo o que fizeram em matéria econômica?

    O que afinal querem aqueles que protestam na rua? Que o Judiciário prenda todo mundo, a qualquer custo? Será que temos consciência das consequências de dar poderes amplos ao Judiciário para caçar os corruptos? Uma das dez propostas de combate à corrupção do Ministério Público Federal prevê a validação de provas obtidas por meios ilícitos, por exemplo, gravações ocultas sem autorização judicial, quando o agente que a produziu estava de boa-fé. Como definir o que é boa fé e o que é vingança contra desafetos? O que querem aqueles que defendem eleições gerais? Será que sabem que isso não é o que diz a Constituição no caso de impedimento do Presidente da República neste momento? Que real apreço nós brasileiros temos pela Carta Magna? Será que lembramos dela apenas para esfregá-la na cara dos nossos inimigos?

    Prezados leitores, estamos num momento de malaise coletiva no Brasil, temos uma insatisfação com tudo o que está aí, mas ainda não somos capazes de propor algo consistente, com começo, meio e fim. E infelizmente nossos quadros dirigentes são uma lástima, incapazes de falar português com o mínimo de correção, como pudemos ver ao longo de todos esse ritual do impeachment, quanto mais oferecer um caminho para o Brasil. Quem conseguirá canalizar nossa raiva em prol de construir algo e não destruir tudo? Enquanto isso não vem só nos resta sonhar em voltar a fazer compras no site chinês Alibaba, ou melhor, ir direto a Miami encher as malas de bugigangas, para quem pode claro.

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Mudando as perguntas e as respostas

Dos 154 representantes de entidades privadas a quem Hillary telefonou ou que encontrou durante seus dois primeiros anos como Secretária de Estado, 85 deles haviam feito contribuições para a Fundação Clinton, e as contribuições totalizavam $156 milhões. Conclusão: o acesso à Secretária de Estado Clinton podia ser comprado, mas não era barato. Quarenta dos 85 doadores deram $100.000 ou mais. Vinte dos doadores que Clinton encontrou ou para os quais telefonou deram mais de $ 1 milhão ou mais.

Trecho retirado do artigo “Muita fumaça, aqui, Hillary”, de autoria do ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Patrick Buchanan

Cada um dos principais pontos de inflexão no desenvolvimento científico precisou da rejeição da comunidade de uma teoria científica consagrada pelo tempo em favor de algo incompatível com ela. Cada um deles produziu uma mudança nos problemas disponíveis para o escrutínio científico e nos padrões pelos quais os membros da comunidade científica determinavam o que deveria ser considerado como um problema admissível ou como uma solução legítima para um problema.

Trecho retirado do livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, de Thomas Kuhn

    Prezados leitores, antes de tratar do assunto que me traz aqui devo esclarecer que minhas críticas à política externa americana não significam que eu seja anti-americana. Uma coisa é o governo do Estados Unidos, que invade países, os destrói, provoca o caos e ainda posa de paladino da liberdade e da democracia, outra coisa é o povo americano e suas instituições. Da mesma maneira é tolo achar que os Estados Unidos são aquilo que Hollywood nos mostra. Algo que é extremamente louvável por lá e que permanece incólume é o direito de acesso às informações sobre o governo federal garantido por uma lei cujo acrônimo é FOIA, equivalente à nossa Lei nº 12.527/2011. Exercendo esse direito a agência Associated Press pôde revelar na semana passada um pouco das atividades de Hillary Clinton enquanto Secretária de Estado e o esquema de “pay for play” que ela estabeleceu enquanto lá esteve. Os indícios de que ela usou seu cargo de chefe da diplomacia americana como balcão de negócios ficam cada vez mais difíceis de negar.

    E, no entanto, os órgãos de imprensa seguem o padrão descrito sucintamente pelo filósofo americano Thomas Kuhn. A teoria predominante é que Hillary Clinton é indiscutivelmente a melhor candidata à presidência dos Estados Unidos, pois mesmo que ela seja corrupta e minta compulsivamente sobre seus negócios escusos, ela não diz besteiras como Donald Trump, um palhaço, louco, racista que fala coisas estapafúrdias como “Obama é o fundador do ISIS” ou que promete já na primeira hora de governo vai começar a deportar imigrantes ilegais. Ou seja, em que pese haver falhas na ideia consolidada de que Hillary reúna as características para ser uma boa presidente, já que há revelações sobre a troca de favores com grandes doadores de campanha, a essa altura ainda é possível dar uma ajeitada, como faz nossa VEJA que relata o esquema mas diz que do outro lado Trump se afunda nas estultices, e que portanto a Sra. Clinton continua sendo a escolha, apesar de certas rachaduras na sua estátua de grande mulher americana, defensora dos direitos humanos e dos direitos das minorias.

    E no entanto, Khun nos explica que os fatos que contrariam as explicações dadas pela teoria em vigor vão acumulando-se gradativamente, e chega um momento em que a insuficiência torna-se flagrante: os furos são por demais numerosos para que sejam todos vedados. Quem sabe se os órgãos independentes nos Estados Unidos, que felizmente ainda existem à margem da CNN, do New York Times e do Washington Post, para citar apenas alguns dos principais veículos de imprensa americana, valendo-se da FOIA, não revelem detalhes ainda mais comprometedores sobre aquela que pretende ser a dama de ferro do Império Americano? Não custa lembrar que os advogados de Hillary apagaram 33.000 e-mails que ela leu e manipulou em um servidor ilegal provavelmente para que o FBI não descobrisse que ela tratou de informações confidenciais do governo dos Estados Unidos fora do ambiente eletrônico seguro do Departamento de Estado. Para não falar do histórico médico de uma mulher de 68 anos que já teve AVC, vive caindo, tosse muito antes de falar e já fez biópsia na língua, como atestam fotos. Será que ela tem saúde para ser presidente?

    Talvez se mais informações sobre as atividades de Hillary como palestrante para a Goldman Sachs, a empresa que permitiu à Grécia fazer maquiagens contábeis e entrar para a zona do euro, ou sobre as mais de 100 pessoas ligadas de alguma forma a ela e a seu marido que morreram em circunstâncias estranhas, façam com que o último estágio, tal como descrito na citação que abre este artigo, seja atingido. A teoria consolidada será descartada e isso levará à colocação de novas perguntas e novas soluções que antes pareciam impensáveis. As palavras do showman Trump tornar-se-ão a nova lei. Assim, dizer que Obama é o fundador do ISIS parecerá sensato considerando que o governo dos Estados Unidos foi responsável pela derrubada de Muammar Al-Gadaffi em 2011 e pelo apoio aos rebeldes na Síria para a derrubada de Bashar al-Assad, duas iniciativas que lançaram os respetivos países no caos e permitiram a ascensão do ISIS. De maneira análoga, comprometer-se a deportar uma parte dos cerca de 40 milhões de imigrantes ilegais atualmente nos Estados Unidos não será vista como uma proposta racista, mas servirá um objetivo de mostrar que a lei deve ser respeitada no país e uma forma de ajudar aqueles que mais sofrem com o dumping praticado pelos imigrantes, os negros americanos, cuja taxa de desemprego, sob o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, estava em 8,3% no segundo trimestre de 2016, o dobro da média dos brancos de 4,2%, de acordo com o Bureau de Labor Statistics dos Estados Unidos.

    Prezados leitores, o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil são favas contadas porque nenhuma tentativa séria de desbancar a ideia dominante de que a presidente é criminosa e não simplesmente incompetente teve chances de vir à tona de maneira crível. Nos Estados Unidos, ao contrário, o consenso em torno de Hillary Clinton está abalado porque há grupos que estão investigando a fundo o que há por trás da Fundação do casal 20 da política americana. Pode ser que até novembro a acumulação de fatos novos refratários à explicação oficial não seja suficiente para a mudança do paradigma e ela acabe vencendo a eleição. Ou então pode ocorrer que as premissas do debate mudem e que aqueles que se perguntam” Como é possível eu apoiar Donald Trump?” mude para “Como eu posso permitir que Hillary Clinton ganhe? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, porque este enredo afeta todos nós, habitantes da Terra.

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Chamem os engenheiros!

Diferentemente da China, os regimes de centro-esquerda da América Latina não diversificaram suas economias: eles permaneceram muito dependentes do boom de commodities para obter crescimento e estabilidade. As elites latino-americanas tomaram dinheiro emprestado e ficaram dependentes de investimento estrangeiro e de capital financeiro, ao passo que a China realizou investimentos públicos na indústria, infraestrutura, tecnologia e educação. Os progressistas da América Latina juntaram-se aos capitalistas estrangeiros e os especuladores locais para realizar especulação imobiliária não produtiva e consumir, enquanto que a China investiu em indústrias inovadoras no país e no estrangeiro. Ao passo que a China consolidou a liderança política, os progressistas latino-americanos aliaram-se aos adversários estratégicos locais e multinacionais no estrangeiro para ‘dividir o poder’, mas estes de fato estavam preparados para defenestrar seus aliados de “esquerda”.

    Trecho retirado do artigo intitulado “A liderança da China nos mercados mundiais, a liderança dos Estados Unidos nas guerras mundiais e a debacle da esquerda latino-americana”, escrito pelo sociólogo americano James Petras

    Prezados leitores, peço desculpas por uma citação tão longa que abre este meu humilde artigo, como se eu quisesse simplesmente reproduzir as ideias de alguém mais famoso e mais sábio do que eu. Ocorre que estou sempre à cata de maneiras de informar-me melhor sobre o que realmente ocorre no mundo varrendo determinados sites na internet que considero elaborados por gente séria. A imprensa escrita em todo o mundo, de propriedade de grandes grupos econômicos, parece cada vez mais empenhada em nos contar histórias da carochinha, talvez com o velado intento de impedir qualquer sentimento de indignação nas pessoas e garantir que as coisas permaneçam como estão. No Brasil a coisa não é diferente.

    Alguns dirão que nossa imprensa evoluiu muito em termos de liberdade e que as revelações sobre o mensalão e o petrolão em todas as esferas governamentais é sinal disso. Pode ser que revelar as relações incestuosas entre empreiteiros e partidos políticos seja bom para a democracia e para diminuir a corrupção. Por outro lado, devo confessar que já cansei das revelações bombásticas, do sangue e do drama das delações premiadas, das planilhas de pagamento da Odebrecht, das decisões dos juízes, dos desembargadores e dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o efeito prático de todas essas investigações sobre crimes do colarinho branco tem sido até agora dar um poder cada vez maior ao Judiciário, que aproveita para conseguir benesses à custa do povo. O poder dos órgãos de justiça é tanto que agora dão-se ao luxo de brigar entre si, Ministério Público contra STF, juízes de primeira instância contra STF e por aí vai, o que mostra um comportamento de coronéis que estão lutando ferozmente para garantir seu terreno e não vão se importar se deixarem no caminho um rastro de destruição e morte das vítimas da refrega. Nós brasileiros assistimos impávidos às veleidades dos doutores que querem dar carteirada uns nos outros, concedendo habeas corpus, vazando informações sigilosas e por aí vai.

    Triste espetáculo proporcionado por um país em que os profissionais do direito têm um papel exagerado na definição dos nossos destinos e ficamos aqui, chafurdando nas disputas jurídicas. Não me entendam mal, não quero anistia geral para corruptos e corruptores, não quero amordaçar investigações, mas não há como negar que os ministros do Supremo, os procuradores do Ministério Público e alguns juízes de primeira instância viraram celebridades e como toda celebridade produzem factóides para manter-se sob as luzes da ribalta: dão entrevistas a torto e a direito, falam mal de coleguinhas, tudo para que o show continue e eles possam posar como os personagens mais importantes do Brasil. Estou farta de gente que bate boca e fofoca, acho que o Brasil precisa de gente que faz, que constrói que gera riquezas e empregos. Daí eu ter inveja da China sob certos aspectos, tanta inveja que abri este artigo com uma comparação entre os sucessos do Império do Meio e os fracassos da América Latina.

    Apesar das imensas diferenças culturais, étnicas e linguísticas entre China e Brasil, acredito relevante comparar esses dois países emergentes, porque um e outro foram alvo do imperialismo ocidental, nós infelizmente nascendo como colônia europeia antes de nos formarmos como nação independente. A mim me parece que a China tem sabido lidar melhor com as potências ocidentais do que nós, aprendendo o que tem que aprender com elas, aprimorando aquilo que consegue absorver e descartando o que não lhe interessa. A China pirateia, hackeia, copia mal e porcamente, manteve sua moeda a um valor artificialmente baixo durante vários anos para incentivar as exportações e nunca se preocupou em dar muita satisfação sobre isso, pois o importante era conseguir o seu objetivo de não ficar para trás. O Brasil ao contrário tem sempre essa ânsia de agradar e ser aceito. Para ficar só nas últimas décadas, engolimos o receituário do FMI, o Consenso de Washington e nossa maior realização no momento foi ter gasto bilhões com a Copa do Mundo e as Olimpíadas para projetar nossa imagem no exterior. É verdade que a China também sediou os Jogos Olímpicos em 2008, mas eles então gozavam das polpudas reservas acumuladas ao longo de pelo menos duas décadas de crescimento econômico na casa dos dois dígitos, o que nunca ocorreu entre nós depois do milagre econômico da década de 1970.

    Nossa imprensa pinta um quadro róseo da nossa república dos juízes. Quando o impeachment sair o Sr. Temer poderá de fato governar, instaurar a disciplina fiscal, aumentar a credibilidade do país e os investidores estrangeiros voltarão a comprar papeis brasileiros. Depois de alguns sacrifícios, a serem suportados pelos otários de sempre, voltaremos a crescer mediante o estímulo da privatização de serviços públicos e a corrupção terá diminuído depois da ação enérgica do judiciário. Ora, quem quer se informar sabe que o buraco é muito mais embaixo. Estamos à deriva, em crise existencial diante do fato de que ser fornecedor de commodities já não proporcionará os empregos e a renda que proporcionavam antes. Privatizar serviços públicos é bom desde que haja fiscalização das atividades do concessionário, senão vira um privilégio financiado por dinheiro do BNDES. E o endividamento do Estado só poderá ser debelado se o governo estiver disposto a enfrentar grupos de pressão, mas considerando o poder daqueles que mandam prender nesse cenário de caça às bruxas fica difícil imaginar políticos sendo corajosos para o bem público. Corremos o risco de sermos cada vez mais um país formado por uma elite que vive de emprestar dinheiro ao governo a taxas de agiotas e investe pouco na produção.

    Enquanto isso lá no Oriente, em um país em que o Secretário Geral do Partido Comunista, Xi Jinping é um engenheiro, estão lá formando pessoas versadas em ciências exatas, construindo fábricas e infraestrutura, criando empregos e novos produtos, em suma preparando-se para o futuro com trabalho e esforço. Nós aqui estamos discutindo se pedalada fiscal é crime no sentido clássico da palavra ou apenas em sentido lato. Prezados leitores, oxalá depois que Dona Dilma seja defenestrada possamos estabelecer prioridades. De qualquer forma, o ideal seria que para colocar a mão na massa chamássemos os engenheiros.

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Se queres diversidade…

Esses gritos hostis mostram que os espectadores não têm respeito nenhum pelos valores olímpicos. O Thiago foi incrível, não tenho nada a dizer sobre ele. […] Não foi a primeira vez que me vaiaram. Considerando o que está em jogo e o cansaço, você não tem necessidade disso. Perturba muito e deixa a gente muito nervoso, porque você sente a maldade do público. O atletismo não é futebol. Se é para vaiar, que eles fiquem em casa assistindo à televisão.

Trecho de entrevista dada pelo atleta francês Renaud Lavillenie à imprensa de seu país depois de perder a medalha de ouro do salto com vara para o brasileiro Thiago Braz da Silva

Sem se dar conta, o treinador menciona as forças místicas, talvez aquelas do candomblé, a religião afro-brasileira ainda cultuada no país. « Este país é bizarro », ele sugere, quase com admiração.

Comentário do treinador de Renaud Lavillenie, Philippe d’Encausse, sobre a irracionalidade da situação vivida por seu pupilo, detentor do recorde mundial do salto com vara e campeão olímpico em Londres

    Prezados leitores, quem assistiu à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 deve lembrar-se das palavras de Regina Casé, uma das apresentadoras do espetáculo, que glorificava a diversidade do Brasil. A própria história do país contada de maneira resumida no início do espetáculo do dia 5 de agosto mostrou como somos produto da miscigenação de índios, europeus, negros, japoneses, árabes. Hoje a diversidade é um dos principais valores do cânone politicamente correto.

    Quem critica a diversidade ou mesmo alguma de suas consequências é vilipendiado, o caso mais emblemático atualmente sendo o do candidato Donald Trump, que por não fazer as devidas homenagens às virtudes intrínsecas da diversidade, provavelmente perderá as eleições para Hillary Clinton que tece loas aos gays, aos negros, às mulheres, aos muçulmanos e a todas as minorias deste mundo. Nessa seara não importa muito o que você realmente faça pelas minorias, importa é falar platitudes sobre o conceito abstrato de que quanto mais minorias haja melhor.

    Hillary Clinton em toda sua vida pública atuou a favor do complexo industrial-militar americano, dos grandes bancos, das seguradoras e das grandes corporações com operações globais, para mencionar alguns dos seus doadores de campanha que foram beneficiados por suas decisões como primeira-dama que dava pitacos no governo do marido presidente e como senadora. A senhora Clinton foi a favor de guerras no Iraque, na Líbia, na Síria, entre outros, da desregulamentação bancária que permitiu aos banco americanos fazerem apostas arriscadas com o dinheiro dos corrrentistas, do NAFTA e do Acordo de Associação Transpacífico, que colocam as multinacionais acima da lei dos países em que atuam, e do Obamacare, que estabeleceu a obrigatoriedade de os americanos contratarem algum plano de saúde, em vez de estabelecer um sistema público universal financiado com dinheiro público. No entanto ela é considerada o mal menor ante o racista, xenófobo Trump, cujas propostas de políticas interna e externa são muito mais progressistas do que as de Hillary, de acordo com o historiador americano Eric Zuesse, o que mostra que esse bla bla blá de diversidade é uma desconversa que serve para que as elites globais possam organizar a economia e a política de acordo com seus interesses.

    A diversidade tem uma outra faceta, que é meu objetivo explorar neste meu humilde artigo. Sua exaltação como símbolo serve como credencial para candidatos políticos ludibriarem o público, e ao tentar ser colocada em prática apresenta uma série de desafios. Esses desafios estão se mostrando a nós brasileiros, espectadores dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Não pensem que falarei do nadador americano assaltado, do técnico alemão morto em circunstâncias suspeitas ou do atleta de judô belga que levou chapuletadas no rosto. Isso era totalmente previsível, considerando que o Rio de Janeiro é uma cidade violenta. Mesmo porque se o COI tivesse escolhido Chicago, que era uma das cidades que se candidataram para sediar as Olimpíadas, os atletas e turistas enfrentariam o mesmo problema. De acordo com o jornalista americano Steve Sailer, desde o início de 2016, mais de 2.500 pessoas levaram tiros na cidade americana, mais do que em qualquer ano desde 1990. Vou falar do choque cultural vivido pelos atletas olímpicos que estão tendo que lidar com as vaias do público brasileiro.

    De fato, é uma grande surpresa para eles, considerando que não estão acostumados com esse tipo de comportamento em locais de prova em outras partes do mundo. Os efeitos têm sido normalmente nefastos, como demonstrou a seleção da Espanha que perdeu do Brasil no basquete masculino devido à pressão da torcida e o atleta francês Renaud Lavillenie que tinha a medalha de ouro na mão e desconcentrou-se totalmente com a ajuda que o público brasileiro resolveu dar a Thiago Braz da Silva no salto com vara. Nesse último caso houve um duplo choque de civilizações. Renaud não entendeu como o público é capaz de vaiar pessoas que estão lá dando o melhor de si e precisam de calma para manterem o foco e nós brasileiros não entendemos como o francês pôde comparar nosso comportamento à hostilidade dos nazistas contra Jesse Owens, o corredor negro americano que brilhou nas Olimpíadas de Berlim de 1936, sob as barbas de Adolf Hitler. Senhor Renaud, realmente o senhor não entende nada do Brasil: nunca poderíamos ser nazistas porque falar em raça ariana e exclusivismo no país mais miscigenado do mundo é bizarro, para utilizar a expressão do seu técnico. Vaiamos o senhor não porque achamo-nos superiores, mas porque somos apaixonados e torcemos loucamente por qualquer brasileiro que esteja competindo. Vaiamos porque queremos ajudar nossos compatriotas a ganhar medalhas. E queremos ganhar medalhas porque é uma maneira de compensar nossas frustrações com o extenso rol de coisas que dão errado no Brasil. Em suma, vaiamos para desopilar o fígado.

    Renaud não nos entendeu e nós não o entendemos. Desse desentendimento entre indivíduos e grupos que têm culturas diferentes nasce o desrespeito e do desrespeito nascem as ofensas e a troca de acusações. Nós o consideramos um babaca e ele nos considerou um bando de nazistas alucinados. Renaud foi novamente vaiado na entrega de medalhas e até chorou, provavelmente de raiva, por ter tido seu desempenho no Engenhão afetado pelo comportamento da torcida, que não obedeceu aos cânones da racionalidade cartesiana francesa.

    Viram como na prática a teoria da diversidade é outra? Se queres diversidade é preciso lidar com as nuances do caso concreto. O que fazer aqui? Tentar educar os brasileiros a serem mais compenetrados durante os jogos ou fazer os gringos entenderem que somos barulhentos mesmo, que gesticulamos muito, que fazemos algazarra e que não nos importamos muito se isso atrapalha os atletas, principalmente se eles forem nossos inimigos esportivos?

    A diversidade pode ser qualquer coisa, pode ser uma cortina de fumaça que escamoteia e viabiliza intenções malignas, pode ser palavrório para vender produtos e países e pode ser uma fonte de violência física e psicológica, como têm ocorrido no Rio de Janeiro. O Comitê Olímpico Internacional escolheu o produto Rio de Janeiro pelo chamativo da realização dos jogos olímpicos em um lugar diferente do padrão ocidental inventado na Grécia. Os comportamentos e reações insólitos que estamos experimentando mostra que o buraco da diversidade é muito mais profundo.

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