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Eu te disse, não disse?

Posted by on 14/09/2015

“Não nos esqueçamos que quem pariu o EstadoIslâmico fomos nós ”

Dominique de Villepin, primeiro-ministro da França de 2005 a 2007 em uma entrevista à rádio RLT em 29 de setembro de 2014

Quase 12 milhões de sírios – metade da população do país – foram desalojados de suas casas por causa de mais de quatro anos de conflito na Síria. Uma guerra que foi subrrepticiamente instigada pelos Estados Unidos, Grã Bretanha e França que queriam uma mudança de regime e a deposição do Presidente Bashar al Assad. Outros países instigadores da guerra na Síria são a Arábia Saudita, Catar, Jordânia, Turquia e Israel. O governo sírio disse várias vezes que era vítima de uma conspiração internacional criminosa composta dos países ocidentais acima, que estão em conluio com o assim chamado grupo terrorista Estado Islâmico e outros mercenários ligados à Al-Qaeda para derrubar Assad – um aliado da Rússia e do Irã. O garoto na reportagem da CNN disse claramente que sua família e seus vizinhos estavam fugindo do ISIS, não de Assad. Mas, conforme já observado, a CNN e o resto dos veículos de imprensa ocidentais não parecem perceber a ironia.

Trecho retirado do artigo “A Polícia Europeia é “mais amendrontadora do que os terroristas do ISIS”” escrito por Finian Cunningham

    O ex-presidente da França, Jacques Chirac, do alto dos seus 82 anos, deve estar regojizando-se ante a presciência de suas palavras. Para quem não se lembra, Jacques Chirac colocou-se contra a Guerra no Iraque proposta e levada a cabo pelo cowboy texano George Bush e em 14 de fevereiro de 2003, seu primeiro-ministro, Dominique de Villepin fez um discurso na ONU contra a guerra, justificando o veto da França no Conselho de Segurança da ONU. Em 2004, Jacques Chirac afirmou que nós abrimos uma caixa de Pandora no Iraque que somos incapazes de fechar. E quem não concordaria com ele hoje, considerando a instabilidade atual da região, fruto da tentativa do ISIS de fundar um novo califado no Oriente Médio com pedaços do Iraque esfacelado pela guerra de 2002, da Líbia, cujo líder Muammar Gaddafi foi deposto e morto em outubro 2011, depois de uma intervenção militar dos países ocidentais e da Síria, cujo presidente Bashar al Assad ainda resiste?

    Mas é uma constante na história humana que esta Völkerwanderung dos povos do Oriente Médio e do Norte da África rumo à Europa seja considerada pelos poderosos deste mundo como um mero detalhe, pois o importante é a realpolitik, que dita que no momento atual que deve haver um embate sem tréguas na Síria para que certos objetivos sejam atingidos. De um lado, Assad, Rússia, Irã, de outro os países ocidentais, os países árabes e Israel querendo derrubar Assad. E por que derrubar Assad? Assad defende os interesses da Rússia e por isso recusou-se a consentir com a construção de um gasoduto que passaria pela Síria e chegaria à Turquia onde conectar-se-ia ao projeto chamado Nabucco, patrocinado pela União Europeia e os Estados Unidos, para o fornecimento de gás natural à Europa e iniciadoem 2002. Para aqueles que quiserem mais informações, consulte os verbetes gasoduto Catar-Turquia e gasoduto Nabucco.

    E por que a Rússia não quer que o gasoduto seja construído? Ora, o aumento da oferta de gás natural diminuiria a dependência dos países da do Sudeste da Europa do produto russo, dependência esta que permite que a Rússia cobre $ 500 por mil metros cúbicos no Leste Europeu ao passo que na Grã Bretanha, menos dependente de um único fornecedor, o preço cai para $ 300, de acordo com Simon Pirani, pesquisador sênior do Instituto Oxford de Estudos sobre Energia. Em suma, é briga de cachorro grande, briga em que as partes beligerantes agem de acordo com seus interesses econômicos e geopolíticos. Putin não abandonará Assad e já mandou seus marines para ajudá-lo em 4 de setembro, que estão lotados nas cidades de Slunfeh, Jableh e Homs, de acordo com Leith Fadel, editor do Al-Masdar News. Por outro lado, Israel cuida dos rebeldes feridos que lutam contra Assad, de acordo com um relatório de 15 páginas da Força de Observação da ONU.

    Diante de interesses tão poderosos, é preciso que a mesquinharia e a cobiça sejam camufladas com histórias da carochinha e bodes expiatórios. Refiro-me à conversa sobre a obrigação moral que a Alemanha teria de receber 800.000 refugiados por ano como forma de purgar seu passado nazista. Ora, o que os alemães que vivem agora no país têm a ver com isso? Por acaso devem pagar pelos erros de gerações passadas ad aeternum? Como esperar que a integração de um tal número de pessoas de cultura, língua e religião diferente não coloque sérios riscos para a coesão social? Se as pessoas reclamarem da invasão repentina e intensa por acaso deverão ser crucificadas como racistas e desumanas? Por que os europeus devem pagar pelos erros da sua elite dirigente, que tem interesse em manter uma política exterior que aposta na guerra total no Oriente Médio. Por acaso os dirigentes das empresas fornecedoras de armas, das empresas concessionárias da construção do gasoduto Nabucco, os políticos que recebem dinheiro dessas empresas

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