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Gigatoneladas de problemas

Posted by on 29/09/2015

A economia da China utilizou 6,6 gigatoneladas de cimento entre 2011 e 2014. […] Para colocar isso em perspectiva, os Estados Unidos utilizaram 4,5 gigatoneladas de cimento nos últimos 100 anos. […] Claro que a abundância de matérias-primas utilizadas nas grandes obras de construção da China tinham que vir de algum lugar. Povos e nações inteiras adaptaram-se uma certa parte de seu modo de vida para fornecer os materiais básicos para viabilizar o boom épico de construção chinês. O que acontece com esses locais quando a bolha estoura está revelando-se agora…

Trecho retirado do artigo “A pobreza das nações – o turismo médico no Brasil para realização de lipoaspirações e levantamento de bumbum não compensará o estouro da bolha” publicado em 25 de setembro no site de David Alan Stockman, ex-diretor do Departmaento de Gestão e Orçamento de Ronald Reagan.

A existência de uma “Grande Depressão” na escala da que ocorreu na década de 1930, a despeito de ser frequentemente reconhecida, é mascarada por um consenso: “A economia está no caminho da recuperação.” Em que pese falar-se sobre uma renovação econômica, os comentaristas de Wall Strett subestimam de maneira persistente e intencional o fato de que a crise financeira não compõem-se simplesmente de uma bolha – a bolha imobiliária. Na realidade, a crise tem muitas bolhas, todas fazendo com que o estouro da bolha de 2008 seja café pequeno.

Trecho retirado do artigo “A crise econômica global, a grande depressão do século XXI” de Michel Chossudovsky, professor emérito de economia da Universidade de Ottawa

    Prezados leitores, de acordo com informações retiradas do site da CIA, em 2015 o país passa por uma série de restrições ao crescimento, motivadas principalmente por uma queda acentuada nos preços globais de commodities-chave de exportação. Recentemente experimentou turbulências políticas. Advinhem que país é este? É a Austrália, cujo primeiro-ministro, Tony Abbott, foi defenestrado da liderança do Partido Liberal e do país pelo Ministro das Comunicações, Malcolm Turnbull que afirmou que Abbott “não era capaz de exercer a liderança econômica de que precisamos”.

    No parlamentarismo, o recall de Chefes do Executivo que perdem a confiança da base do partido é simples e rápido, ao contrário do presidencialismo, em que o impeachment é um processo demorado, que tem uma pátina de juridicidade, mas em última análise é uma decisão política, tomada no caso brasileiro por um um grupo de 81 senadores que têm a atribuição de processar o Presidente da República por crime de responsabilidade. Considerando que temos uma presidente eleita há menos de um ano por mais de 54 milhões de brasileiros, tirar Dilma do comando não é lá algo muito democrático, isto é, que respeite a vontade do povo recentemente manifestada, embora possa obedecer aos ritos constitucionais.

    Portanto, Lula não está de todo errado quando fala que a crise é mundial, e nem Dilma está de todo errada quando pretende lutar até o fim para não ser retirada do poder por impeachment, porque no final das contas as bases jurídicas do impedimento são conceitos vagos como improbidade administrativa e crime de responsabilidade. Por outro lado, não há como negar que a gestão do PT foi de um certo ponto de vista catastrófica para o país porque no afã de tornarem-se imbatíveis nas urnas Lula e Dilma gastaram tudo aquilo que ganhamos surfando nas ondas do crescimento chinês, e não se preocuparam minimamente em economizar para que pudéssemos enfrentar tempos ruins, como estamos enfrentando agora e, considerando o ajuste descomunal que a China, nosso principal parceiro comercial,terá que fazer nos próximos anos para recuperar-se do excesso de investimentos na construção civil, enfrentaremos nas próximas décadas. O resultado está aí: em 31 de dezembro de 2014, nossas tão propaladas reservas somavam 381 bilhões de dólares, nossa dívida externa estava em 536 bilhões de dólares, nosso déficit em conta corrente 91 bilhões , a dívida pública estava em 60% do PIB e a previsão é de retração econômica para 2015. Em poucas palavras, estamos em uma posição muito vulnerável em relação aos credores externos, algo extremamente irônico, considerando que somos geridos há 12 anos por um governo dito de esquerda cujos membros, quando estavam na oposição denunciavam a dívida externa, o FMI e todos os símbolos da nossa sujeição, tal como fazem os membros do PSOL agora.

    Se ao menos a gastança dos governos do PT tivesse dado frutos poderíamos ao menos esperar algum tipo de benefício. É inegável que a expansão do Bolsa Família é louvável e deve ficar, custe o que custar, para evitar que brasileiros passem fome. Mas, convenhamos, os subsídios do BNDES aos campeões nacionais, grandes grupos econômicos favorecidos com crédito barato, a política industrial desenvolvimentista que tentou pela enésima vez criar uma indústria naval no país, mas acabou só prejudicando a PETROBRAS, o PRONATEC, o FIES, as insenções tributárias à indústria automobilística, sempre beneficiada por governos de direita e de esquerda, foram em sua maior parte patacoadas do PT. O objetivo aparente era o desenvolvimentismo, a democratização da educação, o crescimento econômico, o objetivo oculto era fazer favores a doadores de campanha e ao mesmo tempo agradar parcelas da população eleitora que consideravam que um diploma de duvidosa qualidade em um curso técnico ou em uma faculdade particular lhes ofereceria melhores oportunidades de emprego.

    De fato, o modo como o aumento do desemprego e a recessão econômica rapidamente instalaram-se no país em 2015 quando a China definitavamente não está em condições de dar-nos uma mãozinha mostra o quanto as bases eram movediças, quanto era tudo fachada. Desafio as pessoas a entrarem nos conjuntos habitacionais do Minha Casa Minha Vida daqui a cinco anos e verificarem se os compradores originais continuarão lá e se estão pagando as taxas de condomínio, a luz e as prestações da casa própria. O governo federal já vislumbra utilizar o FGTS para continuar a financiar o Minha Casa Minha Vida, que de repente ficou sem financiamento com o rombo nas contas públicas. Mais uma das vitrines da justiça social empreendida pelo PT será custeada prejudicando os trabalhadores com carteira assinada da iniciativa privada.

    E, pour comble des malheur, as questões não resolvidas no governo de Fernando Henrique continuam aí tornando o Estado brasileiro incapaz de respaldar o crescimento econômico sustentável: como fazer da previdência um instrumento de poupança auto-financiado para que ele deixe de ser o instrumento de privilégio de poucos, como é para os beneficiários de gordas aposentadorias com dinheiro público? Como garantir fontes duráveis de financiamento de investimentos em infraestrutura? Como melhorar a educação sem necessariamente investir mais dinheiro? Como diminuir nossa dependência de capitais externos?

    Enquanto ninguém tem respostas convincentes a essa gigatonelada de problemas dediquemo-nos à politicagem do impeachment e da troca de cadeiras…

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