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Lula eo Febeapá

Posted by on 08/09/2013

O dia em que o sr. Barak Obama, Presidente da maior Nação democrática do mundo, tiver que pedir desculpas a quem quer que seja, mito menos à um país de terceiro mundo campeão em cor… bem, vocês sabem, esse “mundo” como o conhecemos deixará de existir…

A lingua Mundial e’ o Ingles e esse Lula nao fala nem Portugues corretamente. De passagem essa tradutora tb e’ bem fraquinha. Como um cara desses chega a Presidente se nao fala nem a lingua do proprio Pais. Cada povo tem o Governo que merece….!!!

O brasileiro medio morre de inveja dos eua pois sabem que eles nos fazem lembrar o que poderiamos ter sido se prestassemos , (…) dai quando um caso como esse ocorre eles correm buscar meios de desmerecer a grande potencia mais ao norte , buscam de toda forma jeitos de fazerem analogia com os descalabros que ocorrem aqui todo santo dia , nao sejam ridiculos rs

Comentários de internautas sobre um pronunciamento de Lula a respeito da espionagem americana no Brasil

            Prezados leitores, tenho certeza que muitos de vocês leram Sérgio Porto, vulgo Stanislaw Ponte Petra, que em muitas de suas crônicas dava amostras do Febeabá – o Festival de Besteiras que Assola o País. Para dar continuidade à tradição daquele grande brasileiro, abri este meu artigo com alguns exemplos de bobagens que eu tirei da internet, perpetradas a respeito do nosso ex-presidente, Lula. Claro que houve comentários a favor do Molusco, mas não os selecionei porque eles não eram tão flagrantemente problemáticos como estes: afinal, o primeiro deles mitifica os EUA como a democracia perfeita, o que é altamente discutível, e de maneira incoerente parece querer dizer que justamente por isso os EUA podem agir de maneira não democrática, violando a soberania de um país que afinal nada mais é do que Terceiro Mundo; o segundo internauta reclama do português do Lula e não se dá ao trabalho de ele mesmo escrever corretamente; o último considera que jamais teremos legitimidade para fazermos críticas aos EUA porque somos um país fracassado e portanto tudo o que dissermos será fruto da mera inveja e não terá nenhum fundo de verdade, como se qualquer ideia, para ser crível, precisasse ser fruto de uma análise de um cérebro racional, desprovido de emoções, ou seja não humano…

            Os comentários são risíveis, mas não deixam de revelar o modo como vemos nossas figuras políticas mais proeminentes sob a luz da simples paixão. Lula é objeto de amor e ódio neste Brasil, dos que o consideram o redentor dos pobres e dos que o consideram um picareta, safado e manipulador. Antes de mais nada, é preciso que eu diga que eu nunca votei em Lula para presidente, e como sabem os que me acompanham, tenho muitas ressalvas às políticas que ele colocou em prática. É claro que não gosto do modo como ele fala, apesar de ter melhorado bastante nos últimos anos. Digo claro porque para os detratores do Lula o primeiro defeito que salta aos olhos é sua pobreza linguística em comparação com Fernando HenriqueCardoso, cuja voz é mais doce e cujos recursos vernaculares são mais vastos. O problema para os que não gostam do torneiro mecânico é que apesar de o português dele ser sofrível em comparação com o do professor da USP ele tem uma estatura global que o outro não atingiu.

            Lula foi eleito pelos jornais Le Monde e El País como o homem do ano em 2009. Em 2010 foi eleito Estadista Global no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça e foi condecorado pelas Nações Unidas como o Campeão Mundial da Luta contra a Fome e a Desnutrição Infantil. Em 2011 recebeu o prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa. Fernando Henrique teve lá suas honrarias (Prêmio Príncipe das Astúrias, Prêmio Mahbub ul Haq das Nações Unidas, Prêmio J. William Fulbright, Prêmio John W. Kulge), não há como negar.Mas convenhamos, é preciso que nós, que não gostamos do Molusco, reconheçamos que ser agraciado pela nata do capitalismo nos Alpes Suíços, mesmo que pelas razões erradas, torna nosso ex-presidente,que fez curso no SENAI,parte daquele grupo de líderes mundiais cuja opinião é citada quando procura-se corroborar uma determinada posição.

            E isso foi feito na semana passada. Um jornalista da Índia, país que faz igualmente parte, como o Brasil, dos emergentes que se reuniram em São Peterburgo na reunião do G-20, veio a São Paulo entrevistar Lula. Queria saber a opinião de um ex-líder de um BRIC sobre as revelações de que os Estados Unidos espionam o Brasil, o que inclui empresas brasileiras como a Petrobrás, que está em pleno desenvolvimento da exploração do petróleo do pré-sal. Em vista do que tem ocorrido na cena mundial ultimamente, quando os EUA mais uma vez tentam impor sua vontade à tal da comunidade internacional com seus planos de guerra na Síria, é natural que se procure um líder como o Lula que colocou-se, para o bem e para o mal, neste início do século XXI, como líder de um país do Sul fora do eixo dominante daqueles que têm assento no Conselho de Segurança das ONU.

            Nosso ex-presidente falou de maneira contundente sobre a espionagem americana revelada por Edward Snowden. Disse que o Presidente Obama deve pedir desculpas e não seu vice-presidente, caso contrário o presidente pode continuar espionando, e que tais atos tem implicações para nosso país em termos de proteção de segredos industriais, comerciais, acadêmicos e sobre nossa própria soberania. Lula também apontou o absurdo da desculpa esfarrapada de Obama de que está obtendo essas informações para ajudar os países bisbilhotados a se conhecerem. Afinal, nós não pedimos esse serviço, não há porque os EUA oferecerem-se para fazê-lo.

            Em suma, acho que com todos os seus erros de português que ferem meus ouvidos sensíveis, o nosso Molusco falou o que deveria ser dito, pois para o Brasil não interessa sermos um Estado cliente que diz amém a tudo o que os Estados Unidos falam, afinal a solução das crises por meios multilaterais satisfaz melhor nossos interesses. É claro que meras palavras não significam nada no longo prazo, é claro que para nos fazermos respeitar e não sermos objeto de controle americano dessa maneira acintosa é preciso que  desenvolvamos nossas próprias capacidades tecnológicas, que tenhamos nosso próprio satélite, que tenhamos programas de segurança das informações. E infelizmente estamos muito longe disso, a retórica nacionalista precisa estar corroborada por uma prática de defesa dos nossos interesses.

          Há um longo caminho pela frente, mas a “cara de pau” do Lula, que não tem vergonha de colocar-se como rapaz latino-americano, como dizia o Belchior em sua canção, talvez agora com dinheiro no bolso, afinal ele se trata no Sírio Libanês, mas ainda sem parentes importantes, nos faz bem de uma certa maneira. O mundo da Guerra Fria se foi, a vitória dos Estados Unidos parecia colocar o Tio Sam como o rei inconteste da cocada preta, mas o episódio Síria parece nos mostrar que há vários países no mundo, incluindo o Brasil, a Índia, a África do Sul, a Argentina que percebem que seus interesses não estão necessariamente na adesão automática ao que querem os americanos, que muitas vezes as ações do Império não aumentam a paz e a estabilidade mundiais, ao contrário contribuem para tornar o mundo mais injusto, inseguro e perigoso.

           O desfecho do episódio da Síria vai nos revelar muito sobre a força dos Estados Unidos. Se o Prêmio Nobel da Paz não conseguir formar a coalizão dos bem-aventurados e decidir invadir o país só com a mera aprovação do seu Congresso,a aposta ficará mais arriscada. Um sucesso americano em uma iniciativa unilateral reforça sua posição de cão de guarda do mundo, um fracasso será o início de uma inexorável decadência. O fato é que o nosso Molusco, longe de ter falado besteiras,simplesmente marcou posição em um mundo que, caso os Estados Unidos falhem na sua nova investida no Oriente Médio, definitivamente será multilateral como não era há quase 100 anos.

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